Índices de Futuro (ISE)

Você sabe o que significa Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3)? Composto por ações selecionadas a partir de aspectos econômicos, financeiros, ambientais, sociais, de governança corporativa, entre outros, ele foi criado em 2005 em uma iniciativa pioneira pela bolsa de valores de São Paulo, então Bovespa, para induzir às melhores práticas sustentáveis. 

Instituições como o Ministério do Meio Ambiente, a Fundação Getúlio Vargas e o Instituto Ethos colaboraram para sua formação. Escrevemos um artigo contando tudo sobre esse índice, continue lendo para saber mais. 

1) A importância do índice

2) Por que utilizar o índice para sua estratégia?

3) Como mensurar o índice

4) Como colocar na prática?

O objetivo deste índice, além de apoiar investidores na tomada de decisão, é oferecer uma opção de carteira formada por ações de empresas reconhecidamente comprometidas com a sustentabilidade empresarial e a responsabilidade social. 

1. A importância do índice

Hoje, o número de instituições financeiras que adotam indicadores verdes ainda não representa a maioria, e há muito espaço entre os principais players do mercado. Atualmente os investidores se tornaram mais conscientes e exigentes com relação às práticas das empresas; aspectos como a preocupação com o meio-ambiente, a sociedade em geral, o bem-estar no trabalho e a transparência das práticas corporativas tornaram-se pauta necessária na gestão ambiental. 

O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) surgiu no Brasil como uma ferramenta para acompanhar e incentivar a postura sustentável por parte das companhias, bem como ressaltar as empresas alinhadas à essa ideia e tornar mais atrativo o investimento nesse campo.

Em 2020, o principal Índice de Sustentabilidade (ISE) da B3 superou a valorização do Ibovespa, o mais importante indicador do desempenho médio das ações negociadas no Brasil. Os indicadores de desempenho ambiental divulgados nos relatórios de sustentabilidade das empresas tratam dos mesmos aspectos relatados no GRI (2009): consumo de materiais; consumo de energia; consumo de água; biodiversidade; controle de emissões, efluentes e resíduos.

2. Por que utilizar o índice para sua estratégia?

O ISE tem por objetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial, além de atuar como promotor das boas práticas no meio empresarial brasileiro.

Para avaliar a performance das empresas listadas na BM&FBOVESPA com relação aos aspectos de sustentabilidade:

O Conselho considerou pertinente contratar uma instituição com expertise nessas questões, o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (CES-FGV). O CES-FGV desenvolveu um questionário para aferir o desempenho das companhias emissoras das 200 ações mais negociadas da BM&FBOVESPA, que faz parte do conceito do “Triple Bottom Line” (desenvolvido pela empresa de consultoria inglesa SustainAbility). 

O conceito de TBL envolve a avaliação de elementos ambientais, sociais e econômico-financeiros de forma integrada. No questionário do ISE, a esses princípios de TBL foram acrescidos mais três grupos de indicadores: 

a) Critérios Gerais – Questionam, por exemplo, a posição da empresa perante acordos globais e se a empresa publica balanços sociais; 

b) Critérios de Natureza do Produto – Questionam se o produto da empresa acarreta danos e riscos à saúde dos consumidores, entre outros;

c) Critérios de Governança Corporativa.

3. Como mensurar o índice

As dimensões ambiental, social e econômico-financeira foram divididas em quatro conjuntos de critérios: 

a) Políticas – indicadores de comprometimento; 

b) Gestão – indicadores de programas, metas e monitoramento; 

c) Desempenho;

d) Cumprimento legal.

No que se refere à dimensão ambiental, há uma diferenciação dos questionários por grupos de setores econômicos, visando considerar as especificidades de cada setor quanto a seus impactos ambientais. O preenchimento do questionário – que tem apenas questões objetivas – é voluntário e demonstra o comprometimento da empresa com as questões de sustentabilidade, consideradas cada vez mais importantes no mundo. 

As respostas das companhias são analisadas por uma ferramenta estatística chamada “análise de clusters”, que identifica grupos de empresas com desempenhos similares e aponta o grupo com melhor desempenho geral. As empresas desse grupo irão compor a carteira final do ISE (que terá um número máximo de 40 empresas), após aprovação do Conselho. O questionário do ISE será objeto de constante aprimoramento, já que o índice terá revisão anual, quando as empresas serão avaliadas novamente. Desta forma, será possível atender permanentemente as demandas contemporâneas da sociedade.

4) Como participar do ISE? 

Critérios para inclusão no ISE de acordo com a B3:

  • Estar entre os ativos elegíveis que, no período de vigência das 3 (três) carteiras anteriores, em ordem decrescente de Índice de Negociabilidade (IN), ocupem as 200 primeiras posições;
  • Ter presença em pregão de 50% (cinquenta por cento) no período de vigência das 3 (três) carteiras anteriores;
  • Não ser classificado como “Penny Stock”;
  • Atender aos critérios de sustentabilidade e ser selecionado pelo Conselho Deliberativo do ISE.

Uma vez que um ativo de uma empresa atenda aos critérios de inclusão acima, todas as espécies de sua emissão participarão da carteira do índice, desde que estejam entre os ativos elegíveis que, no período de vigência das 3 (três) carteiras anteriores, em ordem decrescente de Índice de Negociabilidade (IN), representem em conjunto 99% (noventa e nove por cento) do somatório total desses indicadores.

4.1). Dimensões do Questionário ISE B3:

* Capital Humano

* Governança Corporativa e Alta Gestão

* Modelos de Negócio e Inovação

* Capital Social

* Meio Ambiente

Este índice toma como referência os preços de todos os negócios efetuados no mercado entre as ações que compõem a sua carteira de ativos. Desde a sua criação ele acumula rentabilidade acima de 235%, além disso as carteiras do ISE que seguem a agenda ASG (Ambiental, Social e Governança) vêm apresentando performance acima da média.

A B3 pretende trazer mudanças nos critérios da inclusão, mudando o foco que envolve as cinco dimensões principais, abordando em específico cada setor. O conselho deliberativo está atento, e não cumprir com as práticas socioambientais pode levar à exclusão, como aconteceu com a Vale após o desastre em Brumadinho.

Conclusão:

O ISE vem a ser mais uma importante contribuição no sentido de frear as emissões de gases causadores do efeito estufa, além de estimular a preservação dos biomas, pois o aumento na temperatura global nos mostra uma projeção de futuro difícil e práticas como o ISE podem reverter esse quadro. É uma iniciativa fundamental para o futuro, e ainda há muito espaço para índices como o ISE.

Considerando a evolução histórica do ISE e conforme a performance que as empresas vêm apresentando, 2022 tem tudo para ser mais um ano de crescimento, trazendo expectativa positiva aos acionistas e, claro, para a sociedade em geral.