Práticas de ESG preparam as organizações para a gestão de crise

Em momentos de instabilidade mundial decorrente de uma pandemia que teve período crítico por mais de dois anos, uma guerra que não demonstra sinais de terminar, crises políticas pela mudança de governo e de enfrentamento à ideia de democracia, as organizações não podem deixar de lado uma atuação em relação ao meio ambiente, ao social e, de maneira fundamental, a adoção definitiva das boas práticas de Governança Corporativa, de forma correta e muito bem estruturada.

Passou o momento em que ESG se apresentava como algo opcional para as organizações e, cada dia mais, é imprescindível que as estratégias organizacionais e de negócio sejam construídas sobre essa cultura de uso racional dos recursos naturais e de ocupação do meio ambiente, respeito às causas sociais, de práticas consolidadas de Governança Corporativa, estruturada sobre os princípios da transparência, da responsabilidade corporativa, da equidade e da prestação de contas.

Iniciativas para ser implementadas em cada sigla do ESG

Como forma de cooperar para o entendimento dessa cultura e orientar na elaboração e revisão das políticas empresariais que tratam dessas questões, a WePlanBefore indica estratégias que entende serem orientadoras para as organizações brasileiras em 2023, nem que seja para se começar a transformação cultural necessária. De maneira geral, válida para todo tipo e porte de empresas.

E (Envirommental) 

A mais importante ação trata do aquecimento global, tema antigo e recorrente em toda discussão mundial que envolve governos e instituições ambientais. De forma concreta ainda não chegou aos conselheiros e executivos das organizações. No entanto, é uma estratégia que, seriamente e bem executada, contribui para que o planeta não tenha o aumento da temperatura acelerado nem sofra mudanças climáticas que levem a situação de catástrofe. 

Tais transformações são naturais e ocorrem ao longo do desenvolvimento do mundo. Porém, as atividades humanas, particularmente sob a ótica econômica, são as principais causas das rápidas mudanças climáticas.

O que pode ser objeto de estratégia pelas organizações:

  1. Incluir em seu propósito de negócio regras claras, viáveis e exequíveis para o uso racional dos recursos naturais, com consequente compensação do que for possível, como a redução do consumo de energia, pela substituição por fontes mais limpas e adoção de áreas de proteção ambiental (praças públicas, parques), além de reflorestamento por meio de plantios voluntários;
  1. Elaborar ou revisar o Código de Conduta Ética para contemplar essa mudança de atitude da organização, do que decorre o envolvimento de todos os stakeholders a ela vinculados, além de incluir regras estabelecidas pelo governo e as setoriais, para as quais será necessário permanente e contínuo processo de educação sobre o comportamento da empresa em relação ao pilar E do ESG;
  1. Avaliar a possibilidade de implantar fazenda de energia solar, inclusive com a distribuição do eventual excesso para a sociedade, aqui já atendendo parte do pilar S do ESG;
  1. De forma alguma, cair na tentação do greenwashing, ou seja, fazer propaganda de algo que, na realidade, não é feito.

S do ESG 

O pilar S não exige investimentos vultosos como muitos alegam. Ações simples podem ser objeto de atuação da organização e atender, de forma espetacular, as questões sociais do ESG, entre elas: 

  1. Campanhas de arrecadação de roupas para doação (não só no inverno), alimentos, brinquedos, produtos de higiene como, por exemplo, absorventes para mulheres que residem em comunidades, o que contempla, também, educação sanitária, treinamentos gratuitos, palestras elucidativas de organização social e sobre leis, além de questões de saúde  pública, situações que podem ser incluídas em um programa de voluntariado (a Lei Federal n.º 9.608/98), até para incentivar os funcionários em relação à sua importância como cidadão e ser social;
  1. Atuar para a eliminação da discriminação de gênero, de raça, etnia, econômica, de cultura e etarismo, o que significa o desenvolvimento e a participação em ações que busquem a solução proposta;
  1. Estudar e desenvolver sugestões para políticas públicas que resultem na geração de emprego e renda, segurança pública, promoção da cultura, seja ou não com leis de incentivo, atendimento à saúde (inclusive mental, fato que se apresentou com mais destaque durante a pandemia), atividades de lazer, entre outros;
  1. rever seus critérios de contratação e seleção de empregados, além de implantar políticas sobre relações de trabalho e vínculos de trabalho, sob a ótica de proteção da saúde e segurança do trabalhador, especialmente com a criação de ambiente de trabalho agradável;
  1. Desenvolver, escolher e designar indivíduos que saibam exercer liderança conectada com o mundo e sua evolução, principalmente tecnológica, seja a de uso no trabalho ou no ambiente social, e tenham capacidade para exercer a liderança livres dos comportamentos impositivos e sem a prática de assédios.

G (Governança) do ESG

A Governança Corporativa precisa estar bem estruturada. Para organizações que possuam conselhos de administração, este deve ser constituído por membros que tenham atenção para as diversidades e experiências diversas nas formas de pensar, inclusive na definição do propósito e das políticas de enfrentamento dos desafios. Conselhos desse tipo de empresas devem, quase de forma impositiva, possuir membros externos que tragam conhecimentos e experiências das mais variadas requeridas no mundo corporativo.

Para empresas que possuam conselhos consultivos, conselhos de família ou mesmo que sejam dirigidas por sócios-proprietários, a governança pode ser estruturada com base nas boas práticas.

Em ambos os casos, os pilares da governança devem estar presentes: transparência, equidade, responsabilidade corporativa e prestação de contas. Existem critérios para o atendimento a esses pilares e essa é a primeira estratégia necessária e possível já no início do ano. Outras, que decorrem dessa decisão:

  1. Definição do propósito: de forma clara e de fácil compreensão sobre os objetivos da organização e a maneira como ela pretende alcançá-los. O lucro e os resultados não devem ser os únicos objetivos das organizações. A propósito, a adoção do ESG pode contribuir de forma relevante para o lucro da organização, dado que o ativismo de investidores e dos próprios consumidores têm demonstrado que a escolha por investimentos e o consumo vai priorizar organizações que possuam escopo do ESG;
  1. Gestão de risco: elaborar um plano de gestão de risco para que possa administrar situações de adversidades com competência e de forma organizada, pensando na continuidade dos negócios sem que os impactos de uma possível crise interna, provocada, em que a empresa tenha controle – aqui é essencial ter uma forte área de controles internos e compliance; externa, em que a empresa não tem controle porque decorre de políticas de governo, eventos naturais como clima, acidentes, corte de fornecimento de energia, falta de matéria prima, entre outros;
  1. Maturidade da governança: realizar uma avaliação da maturidade da governança existente, incluindo todas as partes interessadas, principalmente terceiros e fornecedores. Ou seja, de toda a cadeia de abastecimento e de valor, por meio de matriz de maturidade com metodologia bem formalizada;
  1. Adotar medidas para adequar a governança existente ao modelo ideal e necessário;
  1. Definir metas e respectivos indicadores, dentro de um monitoramento constante, para que as decisões sejam tomadas com mais segurança e de forma assertiva. É recomendável que se realizem análises preditivas para a tomada de decisão, não se reportando sobre o que ocorreu no passado, mas o que pode vir a acontecer no futuro. 
  1. Implantar um programa de treinamento e discussão da temática ESG, inclusive para a educação das partes interessadas e para comunicação (prestação de contas) a governos, imprensa e sociedade em geral.
  1. Adoção da Agenda Positiva de Governança Corporativa, incluindo inovação e tecnologia, principalmente a digitalização; 

Concluindo, as estratégias indicadas, além de serem medidas mínimas, necessárias para manter o nível de reputação da companhia, são fundamentais para um plano de gestão de crise. Entendemos que o foco da organização é trazer benefícios e buscar resultados compensadores, além da longevidade do negócio.

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