ESG e sociedade civil: como dialogar?
De forma mais frequente e a título de conversas e motivações em empresas, a sigla ESG, que em português significa meio ambiente, social e governança, começou a tomar corpo em 2014. Uma nova roupagem para um assunto que, com outras palavras e aplicações já aparecia na pauta empresarial, porém de forma menor, com menos recorrência, menos cobrança por parte da sociedade e também dos próprios funcionários, internos ou interessados externos, que buscam diferenciais significativos que vão além do salário e de benefícios previstos por lei e já solidificados, mas valorizam a forma de tratamento dado aos colaboradores, inclusive no dia a dia da empresa e em momentos de pressão.
Esta preocupação chegou ao setor de Recursos Humanos, RH, das empresas e posteriormente teve envolvimento de outros departamentos, inclusive com participação direta e efetiva de gestores e líderes. Afinal, se os colaboradores estão satisfeitos com o trabalho que fazem e com o ambiente que lhes cerca, com a forma como são tratados por seus superiores, eles se dedicam mais ao trabalho e doam mais de si sem que sejam obrigados ou coagidos a isso.
Dentro dessa proposta, muitas empresas cresceram e colheram frutos. No interior da Bahia, por exemplo, já há casos de empresas que dão folga a seus funcionários de dois em dois meses (ou até no máximo três) e pagam as passagens de avião ou de ônibus, à escolha do funcionário, de ida e de volta, para que ele visite suas famílias.
Este é apenas um dos aspectos sociais, por exemplo, que na sigla ESG está representada pela letra S (social) e que faz diferença para os funcionários mas também para as empresas. Os aspectos sociais do ESG podem ser desenvolvidos por indústrias/empresas de todos os portes. Mas para isso, além de querer, a empresa precisa se comprometer com atitudes e ações, previstas e concretizadas inclusive no cotidiano da empresa.
A busca pelo ESG
A pauta ESG tem ganhado destaque cada vez mais entre empresas e investidores que buscam estabelecer boas práticas e, assim, chamando a atenção, fazendo-a se destacar no mercado. De todas as letras da sigla, o social (S) é o mais difícil de mensurar e alguns especialistas até afirmam que algumas práticas existentes no ambiente corporativo não são colocadas como sendo de ESG, isso porque essa métrica traz maior dificuldade de mensuração de resultados e da interpretação deles.
Os fatores que integram o “S” foram estabelecidos com base na Declaração dos Direitos Humanos e as Convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT – que incorporaram questões com impactos em cadeias produtivas, no relacionamento com a comunidade (seja a da empresa ou a do seu entorno, ao redor de seu espaço físico), além de valores como diversidade, equidade, inclusão e outros.
O cuidado com as pessoas
Na prática, essa dimensão social do S se constitui no cuidado que as empresas devem ter ao lidar com pessoas, como elemento estratégico, dentro ou fora de seu espaço físico.
Algumas estratégias empresariais já iam ao encontro desta proposta, mas foi a pandemia da Covid-19 que trouxe o S para as discussões, com maiores exigências no campo social e também no que diz respeito à transparência da comunicação.
De acordo com a publicação da Federação das Indústrias de São Paulo, divulgada em maio de 2022, a pesquisa “10 Principais Tendências Globais de Consumo 2021”, publicada pela Euromonitor International, pós-pandemia, a marca ganhou novos significados sociais com o ESG, fazendo com que empresas priorizassem ações e auxiliassem no desenvolvimento de produção e estilos de vida mais sustentáveis. Esse mesmo estudo mostrou que 69% dos profissionais esperam que consumidores se importem mais com a sustentabilidade do que antes da Covid-19; já 73% acreditam que iniciativas de sustentabilidade são essenciais para o sucesso das marcas.
Outras pesquisas apontam na mesma direção, demonstrado que o comportamento do consumidor passou por mudanças substanciais nos últimos anos, assim como também mudou o olhar do investidor.
Isso porque, para empresas, essa atenção ao ESG é um fator de competitividade, produtividade e também de alinhamento com as melhores práticas. Investir nas pessoas que conduzem as empresas tem sido, assim, fator de sucesso para as organizações e isso pode ser comprovado da seguinte forma: dificuldades impostas pela pandemia comprovaram que países e empresas que tinham ações estruturadas e governança bem definidas enfrentaram melhor os desafios.
Aspectos conhecidos e não conhecidos do ESG
Empresas e também investidores têm buscado modelos de atuação, junto à soluções a fim de preencher lacunas relacionadas à práticas de ESG, pois embora haja relatórios com práticas de sustentabilidade e de responsabilidade social, o ESG no Brasil ainda requer melhorias.
Mesmo assim, na prática, já é possível observar um crescimento de ações de inclusão de mulheres, negros, do público LGBTQIAP+. Grandes companhias, por exemplo, definiram áreas e orçamentos específicos para esses agrupamentos sociais menos favorecidos.
Ações destinadas à segurança e saúde também cresceram nas empresas, com prevenção de acidentes e adoecimentos relacionados ao trabalho, ações de bem-estar, com inclusão da pauta de saúde mental para discussão em ambiente de trabalho. Assim como ações de recursos humanos de equilíbrio para a vida pessoal x profissional do trabalhador também começaram a ser levadas em consideração pelos empregadores e também políticas de benefícios alimentação e refeição, educação e qualificação dos trabalhadores e outras ações que muitas vezes não são associadas ou reconhecidas pela empresa como integrante desta dimensão.
O que pensar quando falamos em ESG
Quando pensamos em empresas e estratégias ESG pensamos em investimento social corporativo alinhado à estratégias de negócios, e, de forma mais recente, ao investimento do impacto. No tocante ao investimento social corporativo, a empresa irá alinhar seu investimento social à estratégia organizacional, definindo políticas claras, áreas e orçamentos específicos para garantir a sustentação da ação no tempo. O investimento social de impacto produz retorno financeiro, e, ao mesmo tempo, demonstra que se pratica ações sociais com impacto positivo, como parte do modelo de negócios.
Mas como dar os primeiros passos para ter ESG na sua empresa?
Identifique os desafios e oportunidades em relação aos aspectos sociais do ESG que sua organização pode enfrentar. Para isso, utilize o brainstorming, com posterior análise e priorização de ideias.
Depois, estabeleça as estratégias para o enfrentamento dos desafios e potencialização das oportunidades identificadas e uma vez que a estratégia estiver definida, encontre maneiras de planejar a implementação delas. Estabeleça, posteriormente, um plano de ação que mostrará o caminho para implementar o projeto desenvolvido. Com ele será possível monitorar o desenvolvimento de cada etapa e fazer possíveis ajustes.
Como medir o impacto do ESG em empresas
Já existe uma crescente preocupação a esse respeito, a fim de definir padrões e indicadores de avaliação para os impactos da dimensão social .
Segundo a Fiesp, “em janeiro de 2020, o Conselho Internacional de Negócios do Fórum Econômico Mundial (WEF-IBC) propôs um conjunto de indicadores ESG universais que foram apresentados na reunião de inverno em Davos-Klosters, no relatório “Toward Common Metrics and Consistent Reporting of Sustainable Value Creation”. Neste relatório, 21 métricas básicas e 34 métricas expandidas baseadas em quatro pilares: Princípios de Governança, Pessoas, Planeta e Prosperidade poderiam ser usadas para alinhar seus relatórios principais e incentivar o progresso mais rápido em direção às soluções sistêmicas por membros do IBC”.
Avaliar esses relatórios é uma decisão estratégica e responde questões como: o que medir, por que medir e como medir, pois são indicadores que instigam tomadas de decisão, incentivando o uso de metodologias e de dados, dando retorno aos desdobramento do impacto das ações. Deve-se analisar o que está além da aparência também. Ignorar causas e voltar-se apenas para resolução de um problema específico sem considerar a complexidade que o envolve pode levar a tomadas de decisão erradas.
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