A Cultura do Cancelamento não é um fenômeno que surgiu no BBB21
Um dos temas que mais chamou a atenção nas redes sociais em 2020 foi a Cultura do Cancelamento. E posso te falar a real? O assunto permanece com grande repercussão em 2021. Sabe por quê? Entre ano… sai ano… e o comportamento do ser humano pouco muda, assim como as próprias redes sociais: “Eu curto”, “Eu comento”, “Eu compartilho”, “Eu Odeio”, “Eu agradeço”, “Eu fico triste”, “Eu xingo”, “Eu choro”, “Eu fico brava” …
Rede social é gestão dos sentimentos, deveria ser também gestão da verdade e da informação, mas o que vemos é de fato uma gestão de egos. Isso mesmo: tudo junto e misturado. Vale para pessoas, marcas, produtos e organizações no modo geral.
Quando falamos de Cultura de Cancelamento, várias disciplinas são envolvidas: Marketing Digital, Psicanálise, Opinião Pública, Comunicação Corporativa, Gestão de Risco e Gestão de Crise. Tudo está interligado de certa forma, sem um processo definido de quando termina um e começa outro.
A Cultura do Cancelamento se tornou um universo de complexidade, no qual vários emaranhados se cruzam.
E o que vem a ser Cultura do Cancelamento?
Cancelar o outro é quando, literalmente, você o exclui da sua vida por não concordar com seu pensamento, comportamento, atitude, comentários, diretrizes, por onde anda ou com quem.
Se formos seguir a teoria, rede social tem como objetivo reunir e interligar pessoas de interesse comum para promover o debate. Opa, mas o importante é deixar claro que rede social não surgiu com a internet. Na verdade, a web se tornou o principal meio para essa “socialização”. A Igreja, por exemplo, é uma das redes sociais mais antigas da história. E o ser humano pode deixar de seguir se algo não vir de encontro com suas ideologias. Com a internet não é muito diferente.
O grande questionamento é com relação à tolerância, ao perdão, de não ter a chance de errar e não falar o que pensa para agradar ao público. Será que não? Depende diretamente do posicionamento e dos valores envolvidos. Pura estratégia de comunicação. E é sim possível ser você mesmo com seus valores e posicionamentos, basta somente contar isso direitinho. Um exemplo é a Anitta. Há um público que a ama e outro que a odeia, mas ela sempre se posicionou que canta, dança, bate palmas, adora farra e de tudo mais um pouco. Isso mesmo sem caras e bocas.
Um simples “@” virou uma marca e um influenciador. Sua notoriedade e crescimento dependem sim do olhar do outro. Eu sigo somente aqueles com quem tenho alguma proximidade, fala o que penso, sinto e me identifico.
Rede social é um palco no qual todos podem entrar no seu canal/espaço para assistir o que está acontecendo. E quando se chega num determinado nível de exposição, em alguns momentos a cena pode não agradar. Entram os riscos de tamanha exposição que pode virar uma crise. E por que se torna um risco e uma crise eminente? Por alguns motivos: 1) ações que não condizem com o que se fala; 2) atos que não vêm de encontro com os valores da sociedade, como preconceito; 3) colocar uma camiseta que não é sua, ou seja, se posicionar de forma errada, enquanto a verdade é outra.
O excesso de exposição requer responsabilidade, maturidade e profissionalismo para entender o cenário em que está inserido; compreender o ser humano e, em especial, o público; identificar e avaliar os riscos; entender até onde pode ir e se não quiser ir, saber a hora de voltar.
A Cultura do Cancelamento não vale somente para os participantes do Big Brother Brasil. Os cuidados e atenção são para mim que estou escrevendo este artigo, para você que está lendo, para as marcas que desejam se expor e ganhar notoriedade. Afinal, estamos falando de estratégias de redes sociais, análise do público, storytelling, discurso, gestão de marca e de influenciadores, gestão de risco e gestão de crise.