Eleições 2022 e reputação corporativa
No último domingo, 30, com uma diferença de pouco mais de dois milhões de votos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi eleito.
A disputa com o atual presidente da república, Jair Messias Bolsonaro (PL) teve muitas implicações. Entre escândalos atuais do governo, houve mobilizações no exterior e o apoio da imprensa de diferentes nações ao vitorioso no pleito, bem como apoio direto de alguns países. Além da educada e cortês ligação para parabenizar Lula, lideranças no exterior sinalizaram apoio ao presidente eleito democraticamente para questões ambientais, ligadas à Amazônia, e econômicas.
Apesar desses movimentos, a eleição não foi exatamente aceita pelos eleitores de Bolsonaro, que alegaram fraude nas urnas, apesar de repetidas vezes o Tribunal Superior Eleitoral demonstrar que as urnas eleitorais são um meio seguro de votação e que não têm acesso à internet. Divulgação reforçada pelo ministro do STF, Alexandre Moraes, em coletiva após o resultado das eleições, na noite do domingo, 30, também ressalta em diversos outros momentos chave antes das eleições.
Na coletiva de imprensa de Lula com presença de jornalistas de diferentes países, o resultado nas urnas foi comemorado. Antes, a coletiva do STF teve como sua primeira pergunta a posição do STF em meio a possíveis dissabores e insurgências políticas dos que não se sentiram representados pela vitória nas urnas. Naquele momento, o ministro Alexandre de Moraes não foi capaz de antever as ações que se estabeleceriam no país, com protestos e fechamento de rodovias. No entanto, mais tarde, foi eficaz, ao determinar que a PRF desobstruísse as rodovias, o que vem sendo feito.
Os manifestantes pediam até a aplicação do artigo 142 da Constituição Federal, que prevê a intervenção das Forças Armadas. E por também acreditarem nisso, muitos dos protestos foram realizados em frente aos prédios das Forças Armadas – o que acabou sendo estimulado por Bolsonaro, que solicitou aos manifestantes apenas desocuparem as rodovias —, em diferentes estados do Brasil, incluindo a região nordeste, em que Lula teve a maioria dos votos.
O primeiro desafio do presidente eleito
O primeiro desafio do presidente eleito é voltar a unir as regiões do país e seus habitantes, para que o pensamento seja um só: o desenvolvimento do país. Mas há muitos outros desafios, entre eles governar com uma bancada do congresso nacional em sua maioria de direita. Os acordos e as negociações, que, claro, sempre cabem em qualquer procedimento da democracia, sabemos, será ainda mais difícil.
Mas, há desafios em todas as pastas. Enquanto há especulação para saber quem ocupará as cadeiras delas, há outras incitações.
Na saúde, por exemplo, o presidente eleito terá um SUS mais pressionado pela população, em que será necessário a retomada de um projeto político que realize esses anseios sociais. A esse respeito, Lúcia Souto, presidente do Centro de Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes), falou sobre evento em agosto, a respeito do tema: “Conseguimos ao longo desse processo na defesa da vida da democracia e da saúde afirmar uma agenda unitária de todo o movimento sanitário brasileiro, que foi entregue ao presidente Lula na Conferência Nacional Livre de Saúde, uma construção democrática e popular”.
O SUS é uma questão estratégica, mas há também a educação, o combate à fome, que voltou a ter um grande índice no Brasil e a recuperação da economia.
Na educação, um abismo ainda maior se fez entre alunos de escolas públicas e de escolas privadas. Enquanto os primeiros muitas vezes nem tinham acesso à internet de boa qualidade e voltada para o estudo, a pandemia da Covid-19 não causou esse mesmo impacto para os alunos de escolas privadas, com local de estudo em casa, internet de boa velocidade, acesso às aulas on-line da escola.
Será necessário fazer um trabalho transformador e, mais do que nunca, fortalecer esse trabalho de base nas escolas. Para que os alunos possam chegar mais preparados em exames como o Enem e em escolas federais de cursos técnicos e universidades/faculdades.
A ciência e a pesquisa nas universidades
Programas de incentivo à pesquisa para graduandos precisam voltar a existir, bem como o fomento de docentes também nessa área.
Mas, no fim, não é só recursos. Espera-se do governo que vai tomar posse em 01/01/2023 um debate para a construção de soluções para grandes problemas, como energia oriunda de fontes sustentáveis, meio ambiente, clima, água, agricultura, segurança alimentar, vacinas, vigilância sanitária, novas epidemias, biotecnologia Trata-se de uma série de demandas que precisam ser olhadas e resolvidas, levando em consideração diferentes setores da sociedade e diálogo também, para que todos se sintam representados, quem votou e quem não votou em Lula.
A reputação corporativa do governo
Comparando o presidente eleito e seu futuro governo com uma empresa, temos que: um conjunto de impressões define o status de uma organização perante os públicos que lida com ela. Que no caso, são os cidadãos brasileiros. São eles os stakeholders.
Ao mesmo tempo em que também são acionistas, investidores, gestores, funcionários, clientes, parceiros e fornecedores.
Dessa forma, assim como para uma empresa ter uma boa reputação corporativa é um ponto fundamental, mantendo a sua competitividade em alta no mercado, para um governo também funciona assim. Isso inclui a imagem da instituição e a percepção dos stakeholders/cidadãos sobre ela.
Com impressão positiva fica mais fácil conquistar clientes/ cidadãos, com expansão dos negócios e a captação de investimentos, também com outras nações e agências de fomento.
Já uma impressão negativa tende a prejudicar os resultados, da mesma forma que uma opinião ruim sobre uma pessoa nos desestimula a manter um relacionamento com ela.
A reputação interfere no nível de confiança que o público dá a um negócio e, por consequência, ao quanto ele deseja se aproximar de uma organização.
Desempenho operacional, diferencial e vantagem competitiva são igualmente alguns fatores usados para determinar o sucesso de uma organização. Cada um deles é influenciado pela visão que os stakeholders constroem sobre a empresa, ou seja, pela reputação corporativa.
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