O Gerenciamento de crise da rainha Elizabeth II: veja o que podemos aprender com ela
Gerenciar crises é responsabilidade do gestor. Além disso, ele deve ser capaz de guiar a sua equipe em diferentes cenários da instituição, inclusive e, principalmente nos negativos, para que não afete a imagem da empresa. Esse profissional precisa ter diferentes habilidades, tanto profissionais como pessoais, e estar preparado para transformações digitais e tecnológicas. Mas não há uma receita. Cada momento desperta uma necessidade ou uma característica diferente no gestor, o qual precisa ser capaz de se adaptar, ainda que sob influência de outras situações. Afinal, gerir crises é algo capaz de ser apreendido sim, mas vale ressaltar que alguns comportamentos e posturas, além da disposição para aprender, contribuem muito para formar um bom gestor de crises. A esse respeito podemos destacar a rainha Elizabeth II e sua forma de reinar. Continue a leitura para entender mais sobre o assunto.
O que é gerenciamento de crise?
A gestão de crise existe em empresas e instituições em geral, governos republicanos e também monarquistas, a fim de que nada saia do controle dos gestores ou que não seja controlável apenas o que não puder ser. Esse mercado é complexo e tem seu condicionamento ligado a muitos outros fatores, como as questões internas à organização que podem gerar crises e, consequentemente, desgastes, decorrentes de escândalos, ações na justiça, vazamento de dados em tempos de LGPD e também causas ocasionadas por fatores externos que desencadeiem contextos negativos para a empresa.
No caso da rainha Elizabeth II temos, claramente, no passado, uma jovem de 25 anos que precisou assumir o trono após a morte de seu pai, George VI, e do seu tio. Podemos dizer que a monarca foi aprendendo pouco a pouco a como se tornar rainha e a liderar seus súditos, fazendo gerenciamento de crise a todo tempo, como deve ser, com planejamento e visando a prevenção do reino, diminuindo ou eliminando danos repentinos ou que pudessem vir a acontecer no futuro.
Isso porque os danos causados por turbulências podem ser muito graves e até mesmo irreversíveis, abalando fortemente uma empresa ou instituição. Desta forma, a partir de um planejamento estratégico, o qual parte de uma série de etapas, com análise e previsão de possíveis cenários e até mesmo de ações de contingência para cada um deles, com traçado de metas para uma gestão comercial, sendo guiada por líderes capacitados para isso e preparados para agir com clareza, destreza e organização, tanto de sua parte como da sua equipe, mantendo a equipe engajada, é o ideal e foi uma medida tomada pela monarca e sua equipe.
Habilidades de um bom gestor em momentos de crise
Mesmo assim, com toda a habilidade que se possa ter, enfrentar um problema em uma instituição não é fácil. É preciso habilidades necessárias para fazer uma boa liderança, ainda que a situação seja nova ou inesperada. Um bom gestor de crises deve ser, antes de tudo:
-um bom comunicador: esse papel cria uma nova importância diante da crise que se instalou. E, portanto, essa pessoa deve saber se conectar à sua equipe, sabendo orientar os que estão à sua volta. Essa função só é capaz de ser exercida por alguém que escute seus subordinados e seja capaz de traduzir em ações as expertises que as ideias e sugestões desses venham a criar.
Sob esse aspecto, a rainha Elizabeth II fez com maestria, nos eventos e em todas as estratégias geopolíticas que precisou ter em seu reinado, lidando com homens e mulheres de diferentes cargos e personalidades. Em uma entrevista ao MediaTalks o publicitário Washington Olivetto, disse que, a rainha é (ou era) “a melhor agência de propaganda que o Reino Unido poderia ter”.
Se em manuais e livros de gestão de crise, é indicado quase sempre se pronunciar, a rainha Elizabeth II provou que não é bem assim. Por muitas vezes a monarca não reclamou, mas também não explicou. Mesmo assim teve o respeito de todos e a resolução do conflito, ainda que sem pronunciamento público.
A Reputação da rainha Elizabeth II
Ao longo de seus 70 anos de reinado muitas foram as crises que acometeram os 70 anos da monarca, principalmente internas e ligadas à sua família, que muitas vezes não se comportou tão bem quanto ela. Ela, por sua vez, se demonstrou eficiente em proteger a sua reputação e a de sua família.
O momento mais tenso para a rainha foi a morte da princesa Diana, quando na ocasião estava na Escócia e não foi de imediato para Londres. Naquele momento ela estava com os netos e justificou-se: precisava estar com eles.
Ela também tentou traçar a família sob um modelo idealista de país tradicional e conservador, o que, no que dependeu dela, tentou manter por toda a vida.
Confiança, também, foi outra característica presente na rainha. Em suas atitudes, gestos, ações, a monarca e sua equipe sempre demonstraram isso, apesar de crises, normalmente, causarem insegurança.
A inteligência emocional é outro fator para um bom gestor de crises. E a rainha agiu estrategicamente em todas as questões que chegaram ao reino, inclusive abalando-o. Para tanto, foi necessário um gerenciamento de crise que contasse com projeções diferentes de cenários que o reino vinha enfrentando e que ela soube estar preparada para cada um deles.
Mas, não é só isso. É preciso saber se adaptar de forma separada para cada coisa, tendo essa habilidade para além do planejamento e inclusive para situações novas. A rainha Elizabeth se saiu muito bem quanto a esse quesito também, se adaptando às situações e entendendo a importância de cada funcionário em cada processo, sabendo se conectar a eles.
Um bom líder sabe se adaptar a novas regras, departamentos e pessoas, principalmente. Considerando que nenhum ser humano é igual ao outro, não é uma fórmula de gestor de sucesso o x da questão, mas sim aquele que entende a importância dos colaboradores em cada processo e sabe como se conectar a eles, sendo também resiliente.
A atuação da rainha Elizabeth II em 70 anos de reinado mostra o equilíbrio entre crises e a forma de administrá-las. Sua figura se espalhou pela Inglaterra e, mesmo não tendo características de um líder popular, a monarca conquistou o carisma e foi destaque na forma de desempenhar a sua autoridade.
O reinado da rainha Elizabeth II pode nos trazer algumas lições. Veja abaixo:
– ela traçou muito bem o seu destino de monarca, com tempo, desempenho e aprendizagem;
– demonstrou um carisma próprio, não abdicando de suas características próprias para se tornar uma líder, ganhando confiança e respeito de todos;
– se destacou como uma figura feminina;
– conduziu com firmeza as diferentes crises que surgiram no Palácio de Buckingham ou relacionadas à sua família;
– lidou com problemas na Irlanda do Norte, a devolução no Reino Unido e a descolonização da África até a adesão do Reino Unido às comunidades europeias e a saída com o Brexit meio século depois;
– trabalhou com 14 primeiros-ministros.
A rainha Elizabeth II construiu sua própria marca, de maneira forte e firme e pouco a pouco. Um bom exemplo de figura pública e de gerenciadora de crises de diversas naturezas, espalhando sua voz e impressão feminina pelo mundo.