O papel da Comunicação de Crise na era digital: estratégias para redes sociais

Crises corporativas já foram administradas por meio de comunicados impressos, reuniões fechadas com a imprensa e ações discretas de bastidores. Mas os tempos mudaram e a velocidade da informação redefiniu completamente a forma como as empresas devem se posicionar.

Hoje, o primeiro impacto de uma crise acontece nas redes sociais. E se a sua empresa não tiver uma comunicação de crise preparada para atuar nesse ambiente, ela será atropelada pela opinião pública, pela desinformação e, pior, pelo silêncio institucional.

Neste artigo, vamos explorar:

  • Por que a comunicação digital é tão crítica em crises;
  • Os maiores erros que as empresas cometem nas redes;
  • Estratégias para proteger a reputação da marca;
  • E como se preparar antes que a próxima crise chegue.


O que é comunicação de crise?

A comunicação de crise é o conjunto de ações planejadas para informar, proteger e preservar a imagem da empresa durante eventos críticos.

Ela tem como objetivo:

  • Garantir transparência e clareza;
  • Reduzir danos reputacionais;
  • Conter boatos e desinformações;
  • Transmitir segurança e empatia;
  • Preservar a confiança dos públicos estratégicos.

Na era digital, a comunicação de crise não é mais feita só por jornalistas ou porta-vozes: ela é disputada segundo a segundo nas redes, nos grupos de WhatsApp, nos comentários de vídeos e em prints que viralizam.


Por que a comunicação de crise mudou?


1. Todos são mídia

Clientes, colaboradores, influenciadores, ex-funcionários — qualquer pessoa com um smartphone pode filmar, comentar e compartilhar um episódio que afete a reputação da empresa.

2. A imprensa é impactada pelas redes

Muitos veículos só noticiam uma crise depois que ela viraliza. Isso significa que a narrativa pública já está em construção bem antes da versão oficial da empresa.

3. O silêncio é interpretado como culpa

Quando a empresa demora para se manifestar, as pessoas preenchem o vácuo com especulações.
Quem cala, consente. E quem responde com frieza, afasta.


Os 6 erros mais comuns nas redes durante uma crise

  1. Demorar a se posicionar
    A primeira hora da crise é crucial. Se a empresa não se manifesta rapidamente, perde o controle da narrativa.
  2. Responder com frieza ou linguagem corporativa
    Mensagens genéricas e frias (“estamos apurando os fatos”) geram desconfiança e são facilmente ridicularizadas nas redes.
  3. Apagar comentários e críticas
    Deletar críticas só piora a situação. Mostra despreparo, arrogância e intolerância ao debate.
  4. Culpabilizar terceiros ou negar a crise
    A negação pública de algo que está sendo comprovado por vídeos ou relatos só aprofunda o dano.
  5. Porta-vozes despreparados
    Mensagens confusas ou contraditórias de executivos expõem a empresa ainda mais.
  6. Falta de alinhamento entre canais
    Cada rede social tem sua linguagem. Copiar e colar a mesma nota para todas transmite desleixo.


O que fazer nas redes sociais durante uma crise?

1. Tenha mensagens-chave definidas por cenário

Antes mesmo de uma crise ocorrer, o time de comunicação deve ter mensagens pré-formatadas por tipo de crise:

  • Falhas técnicas
  • Casos de discriminação ou assédio
  • Acidentes envolvendo colaboradores
  • Incidentes com clientes
  • Problemas ambientais ou regulatórios

Essas mensagens devem ser personalizadas e aprovadas previamente por jurídico e alta gestão.

2. Crie fluxos de aprovação ágeis

A demora na aprovação de uma nota pública muitas vezes ocorre porque há múltiplas camadas burocráticas. Durante crises, é preciso agilidade: tenha um comitê de crise com autonomia para aprovar mensagens em minutos.

3. Fale com empatia e humildade

Empresas humanas reconhecem erros, demonstram solidariedade e agem com responsabilidade.

❌ “Estamos investigando o ocorrido.”
✅ “Lamentamos profundamente o que aconteceu. Já estamos apurando e tomando medidas imediatas. Vamos informar novas ações com total transparência.”

4. Atue em múltiplos canais

A crise começa no X (ex-Twitter), mas logo vai para Instagram, WhatsApp, LinkedIn e grupos privados.
Sua empresa precisa:

  • Ter presença nos canais onde a crise está acontecendo;
  • Adaptar a linguagem ao público de cada rede;
  • Responder com consistência e constância.

5. Monitore em tempo real

Ferramentas de social listening são essenciais. Você precisa saber:

  • Quem está falando da marca?
  • Qual o tom dos comentários?
  • Que hashtags e influenciadores estão impulsionando a crise?

Esse monitoramento serve para adaptar a estratégia de resposta e prever o próximo passo da crise.


Quem deve cuidar da comunicação de crise?

  • A área de comunicação deve liderar a resposta pública;
  • O comitê de crise deve aprovar e coordenar os posicionamentos;
  • O jurídico deve atuar como apoio, não como freio absoluto;
  • A alta liderança precisa estar presente, alinhada e acessível.


Boas práticas para redes sociais em crises

✅ Crie um banco de respostas pré-aprovadas para diferentes públicos
✅ Tenha uma equipe de plantão com autonomia em momentos críticos
✅ Avalie a possibilidade de colocar a CEO ou executivo sênior como porta-voz
✅ Utilize vídeos curtos e comunicados humanos quando necessário
✅ Nunca negue o que é comprovado — assuma, investigue e resolva
✅ Após a crise, mantenha a transparência e compartilhe aprendizados


Exemplo real: Nubank (2021)

Em um episódio de impacto reputacional, o Nubank foi criticado por posicionamentos da fundadora.
A empresa agiu com rapidez:

  • Assumiu publicamente que falhou;
  • Reforçou compromisso com diversidade;
  • Criou ações práticas (como a criação de um fundo de inclusão).

Resultado: recuperou confiança e converteu a crise em oportunidade de reputação.


Conclusão: sua voz institucional precisa estar preparada

Em uma crise, a ausência de comunicação é, por si só, uma mensagem — e geralmente negativa.

A comunicação de crise na era digital exige agilidade, empatia, planejamento e capacidade de escuta.
Não se trata apenas de “falar bonito”, mas de proteger a confiança na marca.

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