Logística reversa e sua aplicação em empresas

Nos últimos tempos as empresas têm sido cobradas por utilizarem no seu dia a dia e com seus funcionários, práticas de logística reversa, um conjunto de procedimentos e meios para recolher e dar encaminhamento depois da venda e após o consumo de produtos dentro do ambiente de trabalho, a fim de que esses resíduos sejam descartados de forma correta depois de serem muito bem aproveitados. Descubra o que isso tem a ver com sua empresa no texto abaixo. Boa leitura. 

A Logística reversa e a Política Nacional de Resíduos Sólidos 

Esse conceito de logística reversa ganhou força com a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305, que estabelece entre suas definições um acordo setorial que inclui fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, quanto à implantação de uma responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Com isso, tanto órgãos públicos como empresas privadas devem promover ações de redução no volume de resíduos sólidos e rejeitos, também diminuindo os impactos à saúde humana e ao meio ambiente. Mas o que isso tudo tem a ver com a sua empresa?

Vai depender do setor em que você atua, que deve implantar uma logística reversa. Isso envolve não só a empresa em si e seus funcionários, mas todos que estiverem ligados, direta ou indiretamente, à empresa, ou seja: os stakeholders, que inclui fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes das seguintes áreas: 

  • agrotóxicos; 
  • pilhas e baterias; 
  • pneus; 
  • óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 
  • lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 
  • produtos eletrônicos e seus componentes. 

Desta forma, o proprietário de uma pequena indústria em um desses setores precisa construir uma estratégia para recolher produtos e embalagens relacionados a eles, o que inclui pontos de coleta e parceria com cooperativas. Mas mesmo as empresas que não sejam da área, também devem participar, de forma a desenvolver, fabricar, colocando no mercado produtos que possam ser reutilizados ou passarem por reciclagem. E a empresa pode se beneficiar disso. Veja como no decorrer do texto. 

A origem da logística reversa 

Como falamos anteriormente, a Política Nacional de Resíduos, de 2010, colocou a logística reversa entre as grandes prioridades. Mas o conceito é uma realidade há mais de 30 anos na Europa. Mas apesar de relativamente recente no Brasil, a preocupação com o retorno de produtos descartados e com o uso de recursos naturais já motiva ações no Brasil há tanto tempo quanto em outros países, porque essa já era uma realidade para empresas dos ramos de pneus, pilhas, lubrificantes, embalagens de agrotóxicos e produtos similares. Agora, com a Lei 12.305 a logística se tornou uma exigência e abrange diferentes tipos de produtos. O artigo 33 desta Lei prevê que define que os fabricantes, distribuidores, comerciantes e importadores desses itens: “São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos”.

Entendendo a logística reversa 

É preciso primeiro entender a logística reversa, atuando para que ela seja possível. Esta é uma responsabilidade compartilhada entre cidadãos, setor privado e órgãos públicos. Nesta perspectiva, cabe ao cidadão, enquanto consumidor, entregar os resíduos que utilizou nas condições solicitadas e em lugares de coleta propícios para isso. 

Já para o setor privado, a responsabilidade é fazer uma gestão ambientalmente correta dos resíduos sólidos. Isso pode acontecer por meio de ações como: 

  • reincorporação na cadeia de produção, com a reciclagem ou reuso; 
  • inovações que proporcionem benefícios socioambientais, com produtos mais sustentáveis ou descarte consciente; 
  • uso racional de materiais, com prevenção de desperdícios e poluição. 

Já para órgãos do setor público a tarefa sob este aspecto é fiscalizar todo o processo e definir suas obrigações legais, também educando e conscientizando os cidadãos ao lado dos demais responsáveis pela logística reversa. Esse processo pode ser dividido em cinco fases.  

Etapas da logística reversa:

  1. os cidadãos são conscientizados sobre a importância do seu papel na logística reversa; 
  2. o consumidor devolve o produto ou embalagem ao comerciante/distribuidor;
  3. o comerciante/distribuidor a remete ao fabricante/importador;
  4. o fabricante/importador encaminha para reuso, reciclagem ou descarte adequado;
  5. os órgãos públicos fiscalizam a cadeia e garantem que tudo é feito adequadamente.

Essas etapas se aplicam aos dois formatos de logística reversa: tanto no pós-venda quanto no pós-consumo. 

Tipos de logística reversa 

Entenda qual adotar na sua empresa e como implementá-las, compreendendo os conceitos a seguir:

Logística reversa pós-venda: o produto em questão retorna à cadeia de distribuição antes de ter sido usado pelo consumidor ou em casos de pouco uso, seja pela identificação de defeito ou por algum erro no processamento do pedido, por exemplo. Para atender a essa demanda, a empresa necessita planejar o recebimento e encaminhamento dos itens, estabelecendo meios de controle do fluxo físico e das informações logísticas dentro de sua estratégia de organização. Muitas vezes, o produto pode passar por melhorias e voltar a ser comercializado, agregando valor.

Sendo assim, a empresa precisa estar pronta e planejada para as seguintes situações em caso de razões possíveis para a devolução de mercadorias pós-venda:

  • defeito de fabricação ou funcionamento;
  • avarias no produto ou na sua embalagem;
  • danos provocados durante o transporte;
  • produtos que necessitam de conserto;
  • erros na emissão do pedido;
  • mercadorias em consignação;
  • término do prazo de validade;
  • necessidade de recall.

Logística reversa pós-consumo: neste caso o produto em questão foi adquirido, utilizado e descartado pelo consumidor, seja pelo término de sua vida útil ou porque sua validade chegou ao fim, sendo considerado impróprio para o consumo primário.

Aqui, da mesma forma que no pós-venda, a empresa deve se preparar para receber os itens e dar o devido encaminhamento a eles, que pode ser a reutilização para retorno ao ciclo produtivo, a reciclagem ou o desmanche, seguido pela destinação ambiental adequada. 

Já no pós-consumo, a estratégia empregada depende das condições em que o produto retorna à indústria quando:

  • há condições de uso, os bens podem ser reutilizados;
  • se chegou ao fim da vida útil, com o produto tendo componentes reaproveitados ou remanufaturados;
  • se há risco ambiental, quando o item deve ser descartado de maneira correta.

Benefícios da logística reversa

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, esse tipo de atividade é indispensável por conta das seguintes vantagens: 

  • a logística reversa é benéfica para a economia, gerando recursos sustentáveis e mais renda;
  • contribui para a manutenção do meio ambiente, já que diminui a necessidade de novas matérias-primas e previne o descarte inadequado de resíduos;
  • melhora a qualidade de vida dos cidadãos, que passam a viver em um ambiente mais saudável, limpo e responsável;
  • serve como importante incentivo à reciclagem, ao reuso e à destinação ambientalmente adequada de resíduos;
  • compartilha a responsabilidade pela gestão de resíduos entre a sociedade, o que envolve o setor público, privado e sociedade civil;
  • aumenta significativamente a eficiência na utilização de recursos naturais pelas indústrias; 
  • contribui para o aumento da vida útil dos aterros sanitários, pois insere boa parte dos resíduos novamente na cadeia produtiva, quando possível;
  • aumenta a oferta de produtos ambientalmente corretos, com maior incentivo à geração de novos negócios, ao emprego e renda.

Veja abaixo oito razões para apostar na logística reversa: 

1. cumprir a lei: a logística reversa está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos.

2. fazer o bem:  calculando-se o impacto daquilo que produz sobre o meio ambiente em todo o ciclo de vida dos bens.

3. moldar imagem positiva: a empresa se torna amiga do meio ambiente e agrega valor à si, especialmente para consumidores de perfil mais consciente. 

4. melhorar processos: ao identificar que os produtos têm retornado por falhas na produção, no estoque, na emissão ou pela insatisfação dos clientes, a empresa pode realizar ajustes em uma gestão de qualidade. 

5. reduzir custos: o reaproveitamento de matéria-prima promove economia.

6. gerar receitas: o investimento na criação de um programa de logística reversa tende a rapidamente se pagar ao agregar valor aos produtos e devolvê-los ao ciclo de negócios.

7. encontrar um diferencial: a política de logística reversa eficiente é uma vantagem competitiva para a empresa. 

8. inspirar-se em grandes empresas que já seguem essa política, como: 

  • a Bridgestone, que destina fragmentos de pneus usados para fins diversos, incluindo a substituição da brita em obras;
  • a Natura, que mantém um programa que monitora e recolhe embalagens usadas, evitando o descarte irregular no meio ambiente;
  • algumas das garrafas de Guaraná Antárctica, que são produzidas com PET reciclado de outras embalagens;
  • a construtora WTorre, que já reutilizou entulhos de outras obras em novos projetos;
  • a Vivo que recebe celulares usados, avalia o aparelho e oferece desconto na compra de um novo;
  • Apple, HP, Philips, Samsung e Dell estão entre as empresas que mantêm postos de coleta de equipamentos.

Agora que sabe o que é logística reversa e conhece suas vantagens, você pode estar se perguntando: o que faço para colocar essa estratégia em prática? Tudo começa pela elaboração de um plano de resíduos sólidos, o qual irá delimitar as ações, da coleta à reutilização, reciclagem ou desmanche. O Ministério do Meio Ambiente disponibiliza um completo manual em PDF para essa etapa. Depois, como em qualquer planejamento no seu negócio, o segredo está na implantação gradativa das medidas, avaliando os resultados.

Acreditamos que você tem o que precisa para iniciar esse processo. Agora, é buscar mais informações, estudar o assunto, acreditar na ideia e colher os frutos da proposta. E, claro, caso ainda precise de ajuda, a WePlanBefore está pronto para atendê-lo. 

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